O FIO DA NAVALHA REALISTA DE KAFKA DIALOGANDO COM ASPECTOS ESTILÍSTICOS DO REALISMO MÁGICO

Autores:

  • Leonardo Eberhardt Rosa
  • Dudlei Floriano de Oliveira

Ano: 2017

Nível de Ensino: Ensino Superior

Área do Conhecimento: Pesquisa - Linguística, Letras e Artes

Resumo:
O presente trabalho busca aproximar duas realidades literárias distintas no tempo e no espaço, circunscrevendo tal análise aos elementos presentes na obra A metamorfose, de Franz Kafka, notadamente a transformação, propriamente dita, de um ser humano em inseto, e o que esse fato peculiar e extraordinário tem de afinidade estilística em relação ao realismo mágico, confrontando-se o contexto eminentemente urbano de Kafka, com aquelas características gerais que são possíveis de se identificar na especificidade do realismo mágico latinoamericano, mormente o aspecto provinciano de suas paisagens e personagens, tão contrastantes com o momento histórico, social e político, em que se insere, de regimes ditatoriais vicejantes. Com isso pretende-se orientar o pensamento para esse componente intrínseco ao ato de escrever, pelo qual o ambiente, ao mesmo tempo em que influencia a atividade de produção, não a limita de maneira absoluta, permitindo que se façam especulações desta natureza, que evidenciam na biografia do autor nascido em Praga uma circunstância de decadência urbana e, ao mesmo tempo, incitam o questionamento acerca de como (ou se) essa realidade se reflete no personagem de A Metamorfose, Gregor Samsa, o condenando de fato ou apenas lançando as diretrizes nas quais o movimento de superação pode encontrar sua gênese – uma verdadeira síntese entre espaço e homem na configuração realista singular de Kafka. Noutro sentido, relaciona-se essa decadência urbana com a exuberância rural provinciana, refletida nas características mais marcantes dos personagens e das paisagens latino-americanas, porém sem que essa distensão impeça de todo a aproximação proposta inicialmente, entre o realismo kafkiano e o realismo mágico, do qual, para os fins aqui propostos, foram utilizadas algumas das produções mais destacadas do chamado boom do realismo mágico em terras latinoamercicanas, quais sejam, O Jogo da Amarelinha (1963), de Júlio Cortázar; A Morte de Artemio Cruz (1962), de Carlos Fuentes; e a mais famosa delas, Cem Anos de Solidão (1966), de Gabriel García Márquez.

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