Autores:
Ano: 2018
Nível de Ensino: Ensino Superior
Área do Conhecimento: Pesquisa - Linguística, Letras e Artes
Resumo:
Este trabalho possui como objetivo principal ampliar a exploração das abordagens cognitivas à gramática em estruturas da língua portuguesa. Para isto, foi realizado um estudo de caso das ocorrências do verbo “chegar” no Corpus TecEM, o qual é composto por textos escritos por alunos de ensino médio integrado ao curso técnico, oriundos de Institutos Federais localizados no Rio Grande do Sul. Ao longo dos procedimentos metodológicos, foi utilizada a ferramenta Sketch Engine para listar as ocorrências do verbo investigado, as quais constituíram um total de 280, que foram analisadas uma a uma e agrupadas de acordo com seus diferentes sentidos. Na exploração das particularidades semânticas do verbo e de suas colocações, foi possível observar que “chegar” teve diferentes usos: (i) alcançar um determinado ponto físico; (ii) alcançar um determinado ponto abstrato; (iii) alcançar um ponto no tempo; (iv) atingir determinada meta; e (v) uso do verbo como auxiliar, dando apoio aspectual à construção verbal. Foram, então, explorados os mecanismos figurados responsáveis pelas extensões de sentido em relação às ocorrências prototípicas: o primeiro grupo de sentido é considerado prototípico e o mais concreto, os segundo e terceiro grupo podem ser entendidos como extensões metafóricas, enquanto os dois últimos parecem ser extensões metonímicas do sentido concreto. É importante, ainda, observar que há um contínuo entre o sentido mais concreto e o mais abstrato, o qual indica um processo de gramaticalização em andamento. A descrição dos usos dessa forma verbal a partir do ponto de vista da Gramática Cognitiva se mostrou, portanto, produtiva para uma melhor compreensão das ocorrências presentes na produção de alunos de cursos técnicos integrados ao ensino médio. Descrições de usos da língua em textos escritos em aulas de língua portuguesa são um passo importante para que novas abordagens pedagógicas possam ser propostas, considerando as contribuições de teorias linguísticas, como a Linguística Cognitiva, neste caso, para o ensino de línguas.