Autores:
Ano: 2019
Nível de Ensino: Ensino Superior
Área do Conhecimento: Ensino - Linguística, Letras e Artes
Resumo:
O presente trabalho consiste em uma proposta para o ensino de Língua Inglesa e Literatura integradas, planejada para uma turma de terceiro ano do ensino médio, desenvolvida a partir da obra "Frankenstein ou o Prometeu Moderno" (1818), da autora Mary Shelley. Além disso, a proposta explora o conceito psicológico de "uncanny" presente no romance e como o leitor/aluno interpreta e ressignifica as projeções perturbadoras. Tem como um dos principais objetivos explorar como a narração em primeira pessoa contribui para formar a opinião do leitor acerca dos acontecimentos narrados. Para a elaboração da proposta, que desenvolve a habilidade de reading, tem-se como suporte teórico o trabalho de Douglas Brown (2007). Nas atividades, é realizada uma revisão dos verbos regulares e irregulares no Past Simple, tempo verbal predominante nos trechos selecionados da narrativa. Além disso, aspectos literários também são discutidos, em especial a noção de Gótico que permeia a obra, como a construção de figuras monstruosas que simbolizam o inconsciente de personagens (HOGLE, 2002) e que dialogam com medos humanos, angústias e desejos reprimidos, contexto associado com o papel desempenhado pelo "uncanny". Esse termo, também conhecido como o estranho-familiar, está diretamente relacionado aos desejos reprimidos dos indivíduos e, em "Frankenstein", é visível no processo de construção do monstro e na sua própria figura. O leitor lida, portanto, com várias dicotomias, como a relação entre familiar/não familiar, humano/monstro, eu/outro, inocente/culpado e sente-se perturbado à medida que se identifica com um dos lados dicotômicos e assustadores do caráter humano. Nesse contexto, ao escolher trabalhar com a voz da criatura, a construção literária, social e psicológica de monstros e vítimas pode ser analisada. Assim, explorar o efeito do "uncanny" por meio de leituras literárias, atividades e discussões, em um contexto de sala de aula real, provou ser significativo por aproximar os leitores/alunos de construções ficcionais ligadas ao inconsciente, incentivando uma análise mais apurada dos seus desejos e conflitos, promovendo um momento de autorreconhecimento enquanto sujeito.