Espaço feminino na Informática - O papel da mulher na imprensa de Microcomputadores (início dos anos 1980)

Autores:

  • Iris Debastiani de Mello
  • Marcelo Vianna

Ano: 2020

Nível de Ensino: Ensino Médio e Ensino Médio Técnico

Área do Conhecimento: Pesquisa - Ciências Humanas

Resumo:
Com o processo de informatização vivido pela sociedade brasileira na década de 1980, no contexto de abertura política do país e de busca por autonomia tecnológica, os microcomputadores tornaram-se um bem de consumo para diversos grupos sociais interessados ​​em conhecer essa tecnologia. Porém, como o uso dessas máquinas era feito por meio de linguagens de programação, era preciso um certo nível de conhecimento sobre o assunto, por isso revistas e jornais especializados em microcomputadores (que contiam artigos, programas e até cartas de leitores) surgiram na tentativa de contribuir para o entendimento e, assim, viabilizar o uso dessa tecnologia. No entanto como as questões de gênero eram percebidas nessas publicações? Ao longo da história, as mulheres perdem espaço no campo da tecnologia da informação e se tornam alvo de preconceitos quanto a capacidade na área das exatas, apesar disso, a persistência em participar do mundo da informática permanece. Portanto, a pesquisa visa analisar a contribuição das mulheres por meio de publicações especializadas em microinformática e comparar com a dos homens, para compreender a divisão de tarefas na imprensa especializada em microcomputadores. A análise foi realizada através de publicações das revistas Micro Sistemas, Micro Hobby, Micromundo e Interface que tiveram grande impacto neste período, bem como na composição das equipes editoriais, formação e contribuições dos indivíduos que faziam delas. Além disso, foram realizadas entrevistas com mulheres que atuavam na área de microinformática na época. Como resultado, é perceptível que os conteúdos das publicações eram dirigidos ao público masculino, reforçando a exclusão das mulheres. Percebeu-se também uma separação de tarefas na criação de revistas, onde os homens trabalharam na parte técnica, na criação de programas e afins enquanto as mulheres na área da escrita, a parte voltada para o jornalismo. A análise das formações individuais mostra também que as mulheres ingressavam no mundo dos microcomputadores por meio de outras áreas do conhecimento. Assim sendo, a pesquisa tem como ideia não só compreender como a sociedade estabelece possíveis usos de uma tecnologia, mas como essa tecnologia pode ser objeto de questões de gênero.

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