História, arte e feminino: As representações de Judith e Holofernes na pintura.

Autores:

  • Milena Boaretto Guadagnin
  • Letícia Schneider Ferreira
  • Stephan Leonard Gerhardt

Ano: 2020

Nível de Ensino: Ensino Médio e Ensino Médio Técnico

Área do Conhecimento: Pesquisa - Ciências Humanas

Resumo:
A cena bíblica em que Judith acompanhada de sua criada, degola o general Holofernes em resistência ao cerco da cidade de Betúlia tornou-se objeto de representação artística muito comum durante o período renascentista e barroco. A presente pesquisa tem o objetivo de comparar pinturas produzidas por artistas homens e mulheres dos séc. XVI e XVII, colocando em pauta a representação da feminilidade, para isto considerando a biografia dos autores, observando possíveis interligações entre as pinturas analisadas e iniciando uma discussão sobre gênero na história da arte, considerando a visão do período a respeito do feminino. Foram selecionadas seis obras referentes ao tema, produzidas por diferentes artistas renascentistas e barrocos, as quais foram analisadas em seus contextos de produção e composição. A análise das pinturas sustentada por uma farta revisão bibliográfica permite inferir que obras produzidas por artistas homens geralmente representavam a figura feminina como objeto transmissor de beleza, muitas vezes buscando a perfeição estética. Obras produzidas por mulheres geralmente enfatizam ações de cumplicidade entre Judith e a criada, expressões de medo, raiva ou um sentimento de glória, em alguns casos é notada uma maior compatibilidade anatômica com corpos femininos, sendo que muitas utilizavam do próprio corpo como modelo. Outra proposição da pesquisa são as diferenças de acesso a pratica da pintura e a arte entre homens e mulheres do período estudado, pois muitas artistas eram fadadas a pintar natureza morta, devido preconceito que existia envolvendo o uso de modelos humanos nus por mulheres. Outro problema seria a falta de destaque das artistas pela elevação do artista homem ao patamar de gênio, traço que dificilmente seria atribuído à uma mulher. Esta série de impedimentos culminaria eventualmente em um apagamento histórico da participação artística feminina, traço que somente seria resgatado para estudo com o surgimento dos estudos de gênero, na década de 1960.

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