A Vanitas na produção pictórica de mulheres artistas: reflexões sobre a efemeridade e o feminino

Autores:

  • Letícia Schneider Ferreira
  • Luana Pagel de Mello

Ano: 2021

Nível de Ensino: Ensino Médio e Ensino Médio Técnico

Área do Conhecimento: Pesquisa - Ciências Humanas

Resumo:
As artes vanitas são obras de fundo moral as quais remetem à efemeridade da vida, à morte, à passagem do tempo e à importância dada pela humanidade à vaidade – o termo em latim significa “vaidades”. O gênero de pintura vanitas se popularizou principalmente na Europa entre os séculos XVI e XVIII, especialmente na região da Holanda. Surgiram sob influência religiosa, em decorrência de reflexões filosóficas contemporâneas e de antigas tradições. O presente trabalho de pesquisa visa observar os elementos vinculados à temática em pinturas produzidas especificamente por mulheres holandesas durante o período Barroco. O objetivo geral é analisar a forma como as artistas representaram a vanitas e a simbologia dos objetos presentes nas obras, considerando questões de gênero. Além do exposto, procura-se compreender o contexto em que as vanitas surgiram e como o entorno social influenciou na produção pictórica e na vida das artistas. A pesquisa se justifica por abarcar questões de gênero para dar voz às mulheres silenciadas, bem como trabalhar de forma interdisciplinar, relacionando História, Filosofia, Artes e Sociologia. Sua metodologia conta com revisão bibliográfica e análise de obras com o método de Panofsky. As obras selecionadas foram de Maria Van Oosterwijck (Vanitas In Still-Life, de 1668, e Vanitas com Girassol e Caixa de Joias, provavelmente de 1665), de Michaelina Wautier (Boys Blowing Bubbles, 1640) e de Judith Leyster (Dois Músicos, 1629). O uso da natureza-morta por meio de objetos como a caveira humana, flores murchas, livros, velas que se apagam e ampulhetas é frequente para expressar tal temática. As pinturas apresentam composições e jogos de luz e sombra complexos, além da representação da figura humana. Constatou-se as dificuldades enfrentadas pelas artistas em decorrência do gênero, como obstáculos para estudar – só puderam graças à ligação parental com homens –, acessar modelos humanos, atingir êxito em suas profissões e assinar suas obras. Apesar disso, elas conseguiram expressar temas filosóficos importantíssimos para o período, visto que este era marcado pela constatação da transitoriedade da vida. As reflexões que as vanitas proporcionam são também muito atuais, pois mostra-se recorrente que se questione sobre a morte e os prazeres mundanos.

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