A inclusão de patentes religiosas e militares nos nomes de urna e suas influências nas eleições de 2018

Autores:

  • Janine Trevisan
  • Robert Reiziger de Melo Rodrigues

Ano: 2021

Nível de Ensino: Ensino Superior

Área do Conhecimento: Pesquisa - Ciências Humanas

Resumo:
Após mais de 20 anos de ditadura militar, o Brasil passou por um processo de abertura política e reintegração das instituições democráticas. Com a promulgação da Constituição de 1988, forças políticas divergentes passaram a ocupar o novo cenário político do país, entre elas, os evangélicos pentecostais. Tendo em vista a atuação marcada pela intervenção de lideranças religiosas, que auxiliam na indicação e eleição de candidatos, é preciso debater a laicidade do Estado e a participação de religiosos na esfera pública. No Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Evangélica demonstra a força política deste grupo, cuja atuação não pode ser desconsiderada nas análises políticas do país. Tal força também pode ser observada na eleição de Jair Bolsonaro, em 2018. Bolsonaro obteve apoio massivo de evangélicos pentecostais e, consequentemente, também ajudou a eleger muitos candidatos de sua base ao Congresso Nacional. Percebe-se, entretanto, que muitos de seus aliados utilizaram patentes religiosas e militares nos nomes de urna como forma de atrair eleitores. Nesse sentido, esse estudo analisa os nomes de urna escolhidos por candidatos militares e evangélicos ao cargo de Deputado Federal no Brasil, em um período de 20 anos (de 1998 a 2018) e suas influências nas eleições de 2018. Conforme Amaral e Machado (2015), os nomes de urna integram as estratégias que os candidatos dispõem para atrair e persuadir os eleitores. A metodologia utilizada analisa, no banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informações como nome civil, nome de urna e profissão dos Deputados Federais eleitos e não eleitos no período supracitado. Optou-se por restringir a pesquisa à análise dos candidatos ao cargo de Deputado Federal para viabilizar uma comparação em um contexto amplo, levando-se em consideração dados distribuídos por todo o Brasil. A partir da análise inicial dos dados, verifica-se que a inclusão de patentes religiosas e militares nos nomes de urna influenciou as eleições de 2018, angariando votos para pastores e militares recém-chegados no cenário político. A inserção desses sujeitos na política tem consequências diretas no governo Bolsonaro, uma vez que aumenta a base governista na Câmara e, consequentemente, favorece a aprovação de leis e projetos do governo.

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