Autores:
Ano: 2021
Nível de Ensino: Pós-Graduação
Área do Conhecimento: Pesquisa - Ciências Humanas
Resumo:
Devido à pandemia da COVID-19, em março de 2020, as instituições de ensino brasileiras adotaram -o chamado ensino remoto, o qual nos termos do Ministério da Educação (MEC), caracteriza-se pela “substituição das disciplinas presenciais, por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação”. Como essa modalidade de ensino se efetivou- no Brasil, país considerado o sétimo mais desigual do mundo? A pesquisa que deu origem a este trabalho buscou compreender, justamente, a efetivação do ensino remoto e sua relação com as desigualdades sociais. Para tanto, voltou-se para um pequeno município do litoral norte do Rio Grande do Sul, tendo como referência a experiência de uma escola pública municipal. Ao longo de seis meses, três turmas de séries finais, do ensino fundamental, foram acompanhadas, verificando a frequência e a participação discente nas aulas remotas, de dois componentes curriculares (Ciências e Língua Portuguesa). Os registros do trabalho docente, compostos por diários de classe e planilhas, foram as principais fontes de pesquisa. A elas, foram somados dados de fontes oficiais (como o IBGE e o Inep) que permitiram caracterizar o referido município. Esses dados já sinalizavam a falta de acesso à internet nos domicílios, baixa escolaridade da população e altos índices de infrequência escolar no município. Em se tratando das aulas remotas, foram apontados índices significativos de abandono escolar e média/baixa participação dos estudantes. Índices, estes, que foram acentuados com a adoção do ensino remoto. Também, constatou-se falta de acesso, por parte dos estudantes, aos conteúdos disponibilizados em plataformas online. Os resultados vieram a ratificar a divisão social que estrutura a sociedade brasileira, mostrando que o ensino remoto não se tornou acessível a todos os estudantes.