Autores:
Ano: 2021
Nível de Ensino: Ensino Superior
Área do Conhecimento: Pesquisa - Linguística, Letras e Artes
Resumo:
Com o processo colonial, foi mundialmente instaurada uma matriz de poder e, por consequência, diferentes culturas foram subalternizadas. Em enfrentamento à visão hierárquica de mundo imposta pelo colonialismo, deu-se início a uma atuação literária decolonial. Dentre essas produções, há a obra brasileira contemporânea Não vão nos matar agora, publicada no ano de 2021, de autoria da artista interdisciplinar Jota Mombaça. Tendo como referência a obra citada, este trabalho tem por objetivo realizar uma análise da literatura do “entre lugar” por meio de uma perspectiva que passa pelos estudos culturais e, mais especificamente, pelo conceito de decolonialidade. Sendo a literatura arte do contraponto, que se utiliza de elementos estéticos e ideológicos para problematizar e resistir, o enfoque da pesquisa se dá pelas relações de poder apresentadas na obra em face à subalternização das diferenças. Além disso, busca-se pesquisar a representação da sexualidade enquanto dispositivo de controle cultural nas microesferas sociais. Com uma abordagem qualitativa, a metodologia envolveu, em um primeiro momento, a coleta bibliográfica acerca da temática decolonial em vista de grupos marginalizados. Posteriormente, foi definido o corpus de análise literária, em fase de realização. Por fim, busca-se realizar uma proposta de intervenção pedagógica que tome como base a literatura brasileira contemporânea sob um olhar decolonial. A partir dos resultados prévios encontrados, podemos afirmar que Mombaça coloca em sua obra a política da exclusão frente a corpos não normatizados à chamada “teoria geral do adestramento” proposta pela perspectiva foucaultiana, sendo possível colocar o exemplar como uma breve corporificação de deslocamento dos sujeitos da modernidade colonial. Em suma, a obra Não vão nos matar agora é uma ferramenta de ocupação e de resistência frente aos questionamentos quanto aos lugares previamente postos em termos socioculturais, agregando-se ao conjunto de obras da literatura brasileira contemporânea cuja perspectiva decolonial é perseguida como lugar de fala.