Terrorismo de Estado nas telas: a representação da infância nos filmes sobre as ditaduras civil-militares do Conesul

Autores:

  • Letícia Schneider Ferreira
  • Maria Eduarda Altíssimo Medeiros

Ano: 2022

Nível de Ensino: Ensino Médio e Ensino Médio Técnico

Área do Conhecimento: Pesquisa - Ciências Humanas

Resumo:
Como o autor Mario Benedetti assinala em seu livro “Pedro y el Capitán”, a técnica de fazer com que crianças sofressem diante de seus pais foi cunhada pelo terrorismo de Estado brasileiro - o qual fundou seus princípios na “pedagogia do medo” e no extermínio do “inimigo interno” do país. As Ditaduras Civil-militares de Segurança Nacional implementadas nos países de Conesul nas décadas de 1960-1970 representaram um período sombrio na história da região, em que a violência atingiu não apenas adultos, mas também crianças. As práticas destes regimes ditatoriais se abateram de formas diversas sobre as crianças: enquanto alguns tinham suas identidades fraudadas ao serem sequestrados e/ou adotados ilegalmente por agentes de tal sistema, outros foram torturados física e psicologicamente. No intuito de abordar esta temática vinculada à história recente de alguns países da América do Sul, esse projeto de pesquisa visa analisar como a infância é retratada em três filmes referentes ao período das ditaduras civil-militares na Argentina e no Brasil: O dia em que meus pais saíram de férias (2006), Infância Clandestina (2011) e Kamchatka (2002). A metodologia consiste na realização de revisão bibliográfica sobre o tema e a análise e fichamento dos filmes, realizando uma comparação em relação à abordagem dos personagens infantis presentes nas tramas. A análise inicial permite observar que a escolha dos diretores foi apresentar o desenvolvimento da narrativa pelo olhar infantil, sendo que todos os filmes têm como protagonistas meninos com idades entre 8 e 11 anos, permitindo que haja uma mediação no acesso do expectador às situações de maior violência. É possível verificar que todas as crianças dos filmes têm suas vidas duramente atingidas pela repressão, uma vez que seus país estão envolvidos com a resistência. Assim, a pesquisa mostra-se de grande relevância para refletir sobre um passado recente cujas feridas não foram devidamente cicatrizadas, sendo necessário que as consequências do terrorismo de estado nestes países sejam amplamente conhecidas e rememoradas por seus cidadãos, evitando que outra experiência semelhante venha a ocorrer.

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