Ativismo político pentecostal nas eleições presidenciais de 2022

Autores:

  • Janine Bendorovicz Trevisan
  • Bianca Elizabeth Suthoff Lunkes

Ano: 2022

Nível de Ensino: Ensino Médio e Ensino Médio Técnico

Área do Conhecimento: Pesquisa - Ciências Humanas

Resumo:
O crescente ativismo político dos evangélicos pentecostais vem sendo demonstrado em diversos estudos acadêmicos. Tal ativismo é muitas vezes justificado como uma missão divina de representação dos fiéis. As reivindicações desse grupo mobilizam os candidatos presidenciáveis, na medida em que o voto evangélico tem se mostrado relevante nas urnas. De acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha três dias antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2018, por exemplo, o grupo religioso que teve a maior diferença de intenção de voto entre os dois candidatos (Jair Bolsonaro, do PSL e Fernando Haddad, do PT) foi o evangélico, com mais de 11 milhões. Considerando que o candidato Jair Bolsonaro, em grande medida, apoiado pelo segmento evangélico, venceu o pleito com uma diferença de 10,76 milhões, pode-se perceber a importância desse grupo no resultado das eleições. Essa pesquisa aprofunda a compreensão da relação entre religião e política no cenário democrático nacional, em especial a articulação entre lideranças de grupos pentecostais e os candidatos à presidência. A metodologia inclui análises de pesquisas eleitorais, debates, declarações públicas e alianças realizadas entre lideranças evangélicas e os candidatos à presidência da república durante todo o período de campanha eleitoral. Resultados preliminares sugerem uma maior simpatia desse grupo pelo então presidente Jair Bolsonaro. Por enquanto, permanecem estabelecidas alianças já feitas nas eleições de 2018, entre essas a com o pastor Silas Malafaia, e bispo Edir Macedo, ambos líderes das maiores igrejas evangélicas do país, possuindo grande número de fiéis, os quais são deveras influenciados pelos seus discursos. Além do mais, há uma grande movimentação da Igreja Presbiteriana para demonizar seus membros de esquerda, fazendo também, oposição aos candidatos como o ex-presidente Lula. De acordo com o levantamento realizado pelo Datafolha em 19/07/22, Bolsonaro (PR) lidera entre as intenções de votos dos evangélicos, com 43%, enquanto Lula (PT) fica com 33%. Contudo, é possível avaliar previamente a grande influência discursiva da elite político-religiosa na escolha de voto dos fiéis marginalizados, e o impacto disso nas eleições. Desta forma, a realização dessa pesquisa pode vir a contribuir consideravelmente com o debate sobre a laicidade do Estado.

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