A ANTROPOLOGIA COMO FERRAMENTA DE ESCUTA SENSÍVEL DAS CRIANÇAS EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL


Resumo: Apresentamos a perspectiva antropológica e sua ampla utilização em estudos das infâncias pelas possibilidades que oferece de aproximação com as crianças, de suas interações e de suas práticas culturais, no campo educacional. Procuramos neste estudo trazer algumas contribuições para o debate próprio da pesquisa educacional partindo do campo disciplinar da Antropologia. Assim, como a questão central da pesquisa foi compreender a produção de significados realizados pelas crianças e os investimentos de sentidos enquanto reelaboram culturas adultas e infantis na qual estão mergulhadas, a etnografia tem vindo a se constituir como uma opção “útil” (JAMES, 2007) na construção de saberes locais em pesquisas com e sobre crianças. Foi utilizado como instrumento de construção de informações o diário de campo (WINKIN, 1998). Portanto, este estudo teve como objetivo compreender, a partir do olhar antropológico, como as crianças de uma escola comunitária de Educação Infantil, localizada em uma comunidade de catadores de lixo, no município de Capão da Canoa, significam o cotidiano escolar. Dado o escopo do problema proposto para esta investigação, este estudo se ancora, em uma abordagem qualitativa (ANGROSINO, 2009) cuja problemática vem se desenhando a partir de uma etnografia (GEERTZ, 1989) com crianças, como denominador metodológico e, nesta condição, constrói uma participação ativa e escutas das crianças nas diversas dimensões da vida social, comum aos campos dos Estudos da Infância e da Educação Infantil e subscrevendo ainda a sua importância para conhecermos as crianças a partir delas mesmas. No caso específico da etnografia com crianças, seria, portanto, compreender quais significados as crianças têm ou assumem no simbólico das suas culturas infantis. Portanto, é importante estabelecer uma ligação que vai do nível microscópico em que a ação é pormenorizadamente descrita e registrada pelo investigador etnógrafo ao nível mais amplo de onde a ação ao mesmo tempo partiu e onde ela volta a se realocar (re)produzindo ou (re)construindo esse compartilhamento ou essas culturas. Paralelamente e, não sem tensionamentos, observamos que as crianças estão sempre integrando e participando de dois registros culturais complexamente interligados, apresentando de outro modo, as crianças estão sempre integrando as culturas infantis e a cultura dos adultos (CORSARO, 2005).

Nível de Ensino: Pós-Graduação

Área do Conhecimento: Pesquisa - Ciências Humanas

Integrantes: